Prevenindo a gripe A(H1N1) fortalecendo o sistema imunológico

h1n1

O médico Marcio Bontempo (CRM-DF 15458), especialista em Saúde Pública e naturopata, alerta como as pessoas adquirem a gripe suína (Influenza A -H1N1) e mostra como preveni-la através da alimentação, de produtos naturais e biológicos e dá outras dicas, além dos procedimentos de praxe.

Além das recomendações das autoridades sanitárias, como lavar as mãos com frequência, etc., existem providências que devem ser lembradas, ou conhecidas que, infelizmente, não fazem parte dos cuidados necessários, sendo que, muitos deles, são mais importantes do que as orientações oficiais.

Primeiramente, tanto profissionais de saúde quanto pessoas comuns, devem saber que é necessário atuar no sentido de se possuir um sistema imunológico bem forte. Percebo que absolutamente nada está se fazendo nessa direção, de uma forma que se espalha o terror de uma nova doença, mas não se tomam as providências necessárias para reforçar o mecanismo de defesa do organismo da população, permitindo assim que todos estejam expostos à virose em questão.

Por que as pessoas adquirem mesmo a gripe comum e o que fazer para fortalecer as defesas?

Para começar, é necessário saber O QUE ENFRAQUECE o nosso sistema imunológico, e isso não é divulgado (ou sabido?) pelas autoridades sanitárias.

Sabe-se, cientificamente, que todos os vírus se beneficiam e se desenvolvem mais facilmente em ambientes orgânicos mais ácidos e, obviamente, quando o sistema imunológico está enfraquecido. E o que faz com que nosso ambiente sanguíneo fique mais ácido e o que diminui a força das nossas defesas?

São os alimentos industrializados que tendem a criar e a manter um ambiente sanguíneo mais ácido.

O que enfraquece o nosso sistema imunológico

Açúcar branco – produz ácido carbônico em quantidade proporcional à quantidade ingerida, seja ele puro ou presente em doces, refrigerantes, bolos, tortas, guloseimas, etc. O uso regular de grandes quantidades de açúcar branco produz perda de cálcio e magnésio (e muitos microminerais) , o que afeta sobremaneira de modo crônico e constante o nosso sistema imunológico. Deve ser substituido pelo açúcar mascavo orgânico, mel, etc.

Carnes vermelhas e embutidos – produz diversos ácidos e reações ácidas, como ácido oxálico, ácido úrico, além de toxinas redutoras da imunidade como cadaverina, putrescina, indol, escatol, fenol, etc. Como fonte de proteínas, dar preferência a peixes e proteínas vegetais, frutas oleaginosas, leguminosas, subprodutos da soja, etc.

Leite e derivados – Principalmente o leite de vaca, rico em caseína (indigesto), produz incremento do ácido lático e gera mucosidades em excesso, enfraquecimento das defesas orgânicas, expondo os seus consumidores, não só à gripe, mas a muitos outros problemas.

Substituir por leite de soja pronto ou caseiro (evitar o leite de soja instantâneo, em pó). Como fonte de cálcio, preferir as verduras e os feijões.

Farinhas brancas – o pão branco e as farinhas de trigo brancas, não integrais, são fermentativas e produzem mucosidades, além de serem pobres em proteínas, vitaminas e minerais essenciais. Seu uso constante enfraquece o organismo.

Frituras, comidas em saquinhos (chips), guloseimas, fast food – hoje consumidos em grande quantidade por crianças e adolescentes, responsáveis por grandes desequilíbrios orgânicos e muitas doenças, como diabetes, obesidade, pressão alta, etc. O seu consumo regular, associado ao açúcar branco, determina um constante estado de acidificação do sangue e depósito de compostos prejudiciais.

Álcool – em pequenas quantidades (vinho, etc.) pode até ajudar, mas em excesso produz reações ácidas.

Recomenda-se, portanto, evitar estes alimentos substituindo- os, sendo que esta abstenção já significa um grande passo para a prevenção de qualquer gripe e de muitas doenças.

Ah1n1.piramidal.net

Alimentos recomendados para aumentar as defesas orgânicas

Há alimentos particularmente úteis para reforçar a nossa imunidade, tais como o arroz integral, os subprodutos da soja (tofu, leite de soja líquido, misso), a aveia (rica em beta-glucana, um grande estimulador do mecanismo de defesa), o inhame, as verduras em geral, frutas frescas, a semente de linhaça, o gengibre, o alho, a cebola e outros.

Outros fatores que reduzem a imunidade

Estresse – um dos piores inimigos, pois reduz a ação das células de defesa, principalmente os linfócitos que combatem os vírus, elevando os níveis de adrenalina e cortisol, um imunodepressor. O estresse é provocado pela vida agitada, os problemas diários, as preocupações excessivas, o excesso de trabalho ou estudos, etc.

Vida sedentária – com ela os radicais ácidos se acumulam nos músculos e nos demais tecidos, reduzindo o pH do corpo e favorecendo as doenças virais e bacterianas.

Ar condicionado – deve ser evitado a todo custo, pois desidrata o ar, ressecando as mucosas e produzindo desequilíbrio térmico no organismo. Faz muito mal.

Hábitos perniciosos – tabagismo, alcoolismo, drogas, excesso de remédios farmacológicos, etc., são, decididamente, fatores que reduzem a capacidade de defesa do organismo.

Certamente que muitas mudanças propostas são sacrificantes, mas tudo é uma questão de ajuste e adaptação, sendo que, os resultados são altamente benéficos, não só em relação à gripe suina, mas à saúde em geral.

Dicas da medicina natural, ortomolecular e homeopatia para a prevenção (e tratamento) da gripe

Além das medidas anteriores, cientificamente sugere-se o seguinte:

Alho

O alho é rico em alicina, uma substância ativa que possui ação antiviral reconhecida, além de mais de uma dezena de outros componentes imunoentimulantes. Basta ingerir diariamente 3 a 5 dentes de alho cru picado, com os alimentos ou engolidos com água ou suco. Há o inconveniente do hálito, mas é passageiro, e mais vale a boa saúde do que o comentário alheio. Existem também suplementos à base de alho que não exalam odor, mas são caros. O óleo de alho em cápsula ou o alho em comprimidos não produzem o mesmo efeito do alho cru. O alho também é útil para evitar ou tratar uma grande quantidade de doenças. O problema do alho para crianças é a dificuldade para ingerir, mas com habilidade tudo é possível.

Própolis

A própolis é reconhecida cientificamente como um antibiótico natural, incluindo uma forte ação antiviral, tanto em situações de infecção quanto como para prevenção. Foram reconhecidos mais de 100 princípios medicinais ativos da própolis. Deve-se usar o extrato alcoólico de própolis a 30%, na quantidade de 30 gotas, 3 a 4 vezes ao dia, em meio copo de água. Para crianças pequenas, metade da dose (lactentes e bebês, seguir orientação do pediatra). Pode-se colocar um pouco de mel para adoçar e reduzir o sabor e efeito da própolis na boca.

Chá de gengibre

O gengibre é um alimento funcional reconhecido hoje cientificamente por seus poderosos princípios ativos. Foram isolados cerca de 25 substâncias, entre elas as famosas gengiberáceas, de grande ação estimulante do sistema de defesa do organismo e ação antiviral. Basta beber chá de gengibre fresco, forte, uma xícara 3 vezes ao dia, morno ou quente e sem adoçar.

Equilíbrio nervoso neurovegetativo

O organismo e as células de defesa são regidos pela ação do sistema nervoso autônomo, representado pelos sistemas simpático e parassimpático; o primeiro é responsável pela produção de granulócitos (de pouca ação viral e mais bactericida) e o segundo de linfócitos (de ação antiviral direta). Devido à agitação da vida moderna e ao estresse, as pessoas apresentam um excesso de atividade do sistema simpático (que produz adrenalina, cortisol, etc., todos imunodepressores) , com maior quantidade de granulócitos do que linfócitos, o que abre o caminho para viroses. É devido a isso que muitas pessoas adquirem uma gripe depois de um impacto emocional, notícia ruim, desavenças, tristezas, etc. É necessário proceder à redução da atividade simpática (redução do estresse, etc. ) e promover maior estímulo parassimpático. Isso se consegue com mais repouso, menos agitação e preocupações, atividade física moderada, respiração profunda, alimentação natural integral, massagens terapêuticas, saunas, banhos quentes (tipo ofurô, banheiras, etc). Importante é evitar a friagem e manter o corpo aquecido, principalmente as extremidades.

Saquinho com cânfora – uma grande dica

Durante a gripe espanhola no começo do século passado, milhões de pessoas morreram, mas aqueles que lidavam com os doentes raramente contraíam o vírus. É que havia uma orientação para que o pessoal de serviço, médicos, enfermeiros, etc. usasse um saquinho de gaze com pedras de cânfora pendurados no pescoço. As emanações voláteis da cânfora esterilizam o ar em sua volte e protegem as mucosas. Então, aconselha-se a fazer o mesmo. Basta adquirir a cânfora na farmácia comum (algumas pedrinhas bastam), confeccionar uma bolsinha de gaze e pendurar no pescoço, podendo inclusive manter por dentro do vestiário, sem necessidade de deixar à mostra (se bem que o ideal é manter do lado de fora). Deve ser usado constantemente durante o contato com as pessoas. É uma boa dica para quem lida com pessoas ou trabalha em ambiente de aglomeração, etc.

Fórmula homeopática

A homeopatia, diferentemente da medicina farmacológica, atua estimulando a capacidade orgânica. Há uma fórmula homeopática para a preveção, tando da Influenza A (H1N1), quanto de qualquer outro tipo de gripe. É a seguinte:

Para a prevenção, tanto para adultos quanto para crianças:

Aviarium 200 CH………. ……. …….30 ml
Influenzinum 200 CH……………….. 30 ml
Álcool a 20%

Tomar 10 gotas, de preferência diretamente na boca, uma vez por semana, cada semana um, alternados. Para crianças muito pequenas, dar apenas 5 gotas em um pouco de água numa colher.

Para tratamento em caso de gripe (qualquer que seja):

Aconitum napellus 3 CH
Antimonium tartaricum 3CH
Allium cepa 3 CH
Bryonia alba 3 CH
Belladonna 5 CH
Gelsemium 5 CH

Fazer 30 ml, em partes iguais (pedir : ãã)

Álcool a 20%.

Tomar 10 gotas (direto na boca ou em água para crianças) a cada meia hora em caso de sintomas de qualquer gripe, até melhorar bem.

Estes remédios podem ser adquiridos nas boas farmácias homeopáticas, e não fazem mal algum ou produzem efeitos colaterais. Se necessário, procurar um médico homeopata para a confecção de uma receita.

Atividade física, sol e ar livre

Sempre importante em qualquer aspecto para uma saúde melhor.

Suplementos

A medicina ortomolecular e a fototerapia preconizam o uso de dois suplementos:

Vitamina C – recomenda-se o uso de 500 mg de vitamina C (ácido l-ascórbico) orgânica de uma a duas vezes ao dia, para reforçar as defesas. Crianças pequenas, metade da dose ou sob orientação pediátrica.

Cogumelo do Sol – eleva a imunidade por ser rico em substâncias imunomoduladoras, como a beta-glucana. Adultos devem tomar 2 cápsulas de 500 mg 2 a 3 vezes ao dia, tanto como preventivo quanto para tratamento. Crianças pequenas, tomar metade da dose. No caso de dificuldade de encontrar o cogumelo do sol, procurar comer cogumelos, tipo champignon, shitake, shimeji, funghi, etc.

Minerais e microminerais – com a acidificação constante do sangue devido à alimentação industrializada moderna, aliada ao estresse, perdem-se muitos minerais e microminerais que não são repostos pela dieta, haja vista o fato de que os alimentos modernos estão empobrecidos em termos de minerais (solo naturalmente pobre, uso de adubos, agrotóxicos, manipulação industrial, congelamento, microondas, etc.). Certamente que essa condição afeta a imunidade. É necessário atualmente repor estes nutrientes de modo a manter as defesas orgânicas, mas não é qualquer suplemento que serve. Recomenda-se utilizar os concentrados biominerais marinhos, principalmente aqueles extraídos da poderosa alga Lithothâmnium, que possui acima de 50 minerais e microminerais orgânicos, de alta assimilação pelas células.

Frutas em geral – as frutas, principalmente as cítricas, ajudam a alcalinizar o sangue e são ricas em minerais e vitaminas, favorecendo a saúde e protegendo o organismo. Pessoas que consomem poucas frutas estão muito mais sujeitas, não só às viroses, quanto a qualquer outra enfermidade.

Estas orientações servem tanto para a prevenção quanto para serem utilizadas em casos de pessoas que contraíram qualquer tipo de gripe. Além do mais, estes procedimentos nos deixam seguros e tranquilos em relação ao grande terror de se contrair, tanto a Influenza A quanto quaisquer outras doenças virais.

Sobre o autor

Dr.MarcioBontempo.piramidal.net

Dr. Marcio Bontempo é médico clínico geral, homeopata, especialista em saúde pública, membro da Associação Brasileira de Nutrologia, palestrante, consultor científico e autor até o momento de 51 obras de sucesso que somadas chegam a mais de 1,2 milhão de exemplares vendidos. Presidente da Federação Brasileira de Medicina Tradicional, diretor do Núcleo de Saúde da União Planetária e diretor da ONG TerraBrazil!. Profissional da saúde há mais de 28 anos, realizou mais de 1.200 palestras e cursos sobre saúde pública e a medicina natural científica, proferido para empresas nacionais e multinacionais, universidades, associações e instituições, no Brasil e no Exterior.

http://www.drmarciobontempo.com.br

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Homeopatia deve permanecer independente da medicina tradicional

Homeopatia e medicina tradicional

A homeopatia corre o risco de ser incorporada pela medicina tradicional, alertou uma historiadora da ciência, que apresentou suas preocupações em uma palestra durante a reunião anual da Sociedade Britânica para a História da Ciência, no último fim de semana.

Isso não significaria apenas que os heróis da homeopatia se tornariam meras notas de rodapé na história, mas isto também poderia limitar o potencial da homeopatia para contribuir para o tratamento dos problemas médicos mais importantes da atualidade.

Heróis da homeopatia

Lyn Brierley-Jones, da Universidade de Durham, na Inglaterra, e especialista em história da Medicina, alerta para o quase esquecimento dos grandes responsáveis pela criação da homeopatia, incluindo o médico alemão Samuel Hahnemann, que fundou esse novo campo de pesquisas, e o prático inglês James Compton Burnett, que desenvolveu uma cura para a tuberculose em 1880.

Como resultado da contribuição desses personagens, a homeopatia se tornou proeminente, particularmente nos Estados Unidos. Lá, por volta do final do século 19, os homeopatas tinham suas próprias escolas de medicina, sociedades, revistas científicas, bibliotecas, hospitais e farmácias, publicando regularmente estatísticas demonstrando a superioridade das suas práticas sobre a medicina tradicional.

Incorporação da homeopatia pela medicina tradicional

Ironicamente, entretanto, a tradução das principais ideias homeopáticas para a literatura da medicina tradicional teve o efeito de minar a profissão, afirma Brierley-Jones. “No final dos anos 1920, a homeopatia entrou em declínio, um estado da qual só recentemente ela começou a se recuperar.”

Segundo a pesquisadora, há benefícios significativos na manutenção da homeopatia como um campo de pesquisas separado da medicina tradicional.

“Ela tem o potencial para criar novos medicamentos e para resolver muitos problemas contemporâneos na medicina, como a individualização dos medicamentos, a redução dos seus efeitos colaterais e o tratamento de doenças crônicas. Qualquer futura integração da homeopatia com a medicina tradicional deve ser feita cuidadosamente para garantir a sobrevivência da homeopatia,” conclui a pesquisadora.

http://www.diariodasaude.com.br

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Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o câncer

18.09.2008 ]

Terapias alternativas complementam o tratamento convencional contra o câncer e melhoram a qualidade de vida dos que lutam para vencer a doença.

Kátia Strigueto e Thiago Lotufo

Há três meses, a psicóloga Jassyendy de Oliveira, 48 anos, foi aprovada com louvor na primeira avaliação radiológica a que foi submetida depois do tratamento para retirar um tumor no pulmão direito. A tomografia do tórax mostrou que não havia novas lesões e o processo interno de cicatrização caminhava bem. Desde que o câncer foi descoberto, em junho do ano passado, Jassyendy fez quatro sessões de quimioterapia para reduzir 30% do tamanho do tumor e submeter-se a uma cirurgia que lhe removeria um terço do pulmão. Foi um período difícil e pelo bombardeio químico recebido por ela era de se esperar que os efeitos colaterais fossem intensos. Em vez disso, a psicóloga sofreu apenas um leve mal-estar. Fiel ao tratamento médico convencional, ela queria algo a mais para suportar emocionalmente o baque da doença e iniciou um tratamento paralelo com acupuntura e florais de Bach. “Enquanto a quimioterapia cuidava do tumor, a acupuntura e os florais fortaleceram minha vontade de viver. Saía das sessões de acupuntura mais disposta e não fiquei deprimida em nenhum momento”, resume a psicóloga. “Esse conjunto de terapias foi responsável pela minha melhora.”

Jassyendy ainda não pode ser considerada curada (são necessários no mínimo cinco anos para que um paciente de câncer receba a alta definitiva), mas o modo como ela cuidou da doença ilustra uma nova e cada vez mais comum tendência de tratar o problema: aliar a medicina convencional a terapias alternativas e complementares (as alternativas não têm comprovação científica, enquanto as complementares são mais aceitas). Esse modo de encarar o câncer está refletido diretamente nos números. Nos Estados Unidos, um estudo da Universidade de Harvard feito em 1997 revelou que 42% dos pacientes com câncer procuraram algum tipo de ajuda complementar ao tratamento padrão. Em 1990, esse índice era de 34%. Já uma compilação de 26 trabalhos realizados em 13 países mostrou que a média dessa procura é de 31%. No Brasil, a primeira fase de uma pesquisa feita entre 1998 e 1999 com três mil pacientes do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, maior referência em câncer no País, revelou que 48% dos entrevistados usam pelo menos um outro tipo de terapia em conjunto com a quimioterapia. “Comecei o estudo porque muitos pacientes perguntavam o que eu acho das terapias alternativas e eu não tinha uma resposta objetiva”, diz o coordenador do trabalho, Riad Younes.

Os principais motivos apontados pelos pacientes para a busca de uma ajuda complementar são a impessoalidade da relação com o médico tradicional, o uso em excesso de termos técnicos para se referir à doença e o desejo de receber um tratamento menos agressivo do que a quimioterapia. E a medicina alternativa costuma oferecer justamente uma relação mais próxima com os terapeutas, além de apresentar a perspectiva de tratamentos menos dolorosos. “Os pacientes querem se agarrar a todas as armas”, afirma Sérgio Petrilli, diretor-clínico do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graac), de São Paulo. Um estudo recente da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou ainda que o interesse por terapias complementares não é necessariamente resultado de más experiências com a medicina convencional. Mas sim uma maneira de os pacientes sentirem que têm um maior controle sobre o tratamento e podem manter uma melhor qualidade de vida. A artista plástica Denise Mascherpa, 30 anos, por exemplo, buscou apoio nos florais e na meditação para recuperar o equilíbrio emocional após ter sofrido uma cirurgia em 1994 para a retirada de um tumor no ovário. “Acredito que o câncer tem um caráter psicológico forte”, diz. “Andava muito triste. Acho que isso contribuiu para o surgimento da doença.” O dentista aposentado Carlos Schwartz, 78 anos, também faz parte dos pacientes que engrossam o novo perfil de tratamento contra o câncer. Há cerca de três meses – por conta de um melanoma (câncer de pele) – ele faz quimioterapia e usa um tratamento alternativo chamado Canova, com remédios homeopáticos. Diz que eles o ajudaram a ficar menos abatido e a recuperar o bem-estar. “Parece que esse tratamento está ajudando a me escorar”, conta.

Mudança – Desde que essa tendência pela união de terapias foi detectada algo começou a mudar na medicina. Em 1992, o governo norte-americano criou o Office of Alternative Medicine, um centro dedicado a investigar terapias não convencionais como meditação, fitoterapia e massagens, entre outras. Passados oito anos, esse centro foi ampliado em mais dez unidades de pesquisa e recebe uma verba anual de cerca de US$ 50 milhões do governo. Lá, as faculdades de Medicina também estão se abrindo e 27 delas incluem cursos de especialização sobre o tema no currículo. Por aqui, a Universidade de São Paulo (USP) há dois anos oferece uma disciplina de práticas complementares com a qual o aluno da faculdade de Enfermagem escolhe se quer ter noções de terapia floral, massagem e toque terapêutico (uma espécie de massagem energética). “A academia é o melhor lugar para estudar a validade dessas práticas”, justifica Maria Júlia Paes da Silva, professora de Enfermagem da USP. Esse novo paradigma de tratamento recebeu mais dois importantes reforços nos Estados Unidos: mais de 30 planos de saúde passaram a oferecer cobertura para terapias não-convencionais e renomados centros de oncologia começaram a adotá-las juntamente com os procedimentos habituais.

No MD Anderson Cancer Center, o maior centro norte-americano de tratamento de câncer, foi aberto há dois anos o “Place of wellness” (algo como lugar do bem-estar), onde os pacientes complementam seus tratamentos com atividades que vão desde aulas de tai chi chuan até arteterapia e auto-hipnose. “Além do corpo, a mente e o espírito têm de se recobrar do câncer”, diz a coordenadora Laura Baynham, na homepage do MD Anderson. O Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, oferece no departamento de Medicina Integrativa (que busca a interação de diversas terapias) acupuntura, massagem, meditação e outras técnicas. Em São Paulo, um dos centros pioneiros a divulgar esse conceito de medicina integrativa para o câncer é o Day Care Center, que conta com a supervisão do Memorial Sloan-Kettering e do Beth Israel Medical Center. Na clínica, onde o atendimento é gratuito, o paciente tem à disposição um suporte emocional que inclui psicoterapia breve (cerca de oito sessões focalizadas no problema), visualização (relaxamento baseado na projeção mental de imagens) e musicoterapia. “Esse apoio se traduz em menos complicações e queixas por conta da quimioterapia”, explica Ana Georgia de Melo, uma das diretoras da clínica.

Quem frequenta espaços como esses também pode esclarecer dúvidas sobre as diversas terapias que usa e ouve falar. É uma chance e tanto. Isso porque, em média, menos de 40% dos pacientes contam para seu médico que estão adotando algum tipo de terapia alternativa. O restante tem receio de ser criticado. “Esse clima não é bom. O ideal é abrir o jogo com o médico”, diz Sérgio Petrilli, do Graac. O músico Pedro Luiz Albernaz Jr., 35 anos, se conscientizou disso desde que recebeu o diagnóstico de melanoma, em 1997. À quimioterapia que tem de fazer, ele somou práticas como meditação, remédios fitoterápicos e antroposóficos, mas sempre sob a vigilância de seu oncologista. “Falo sobre tudo para que ele me oriente caso alguma dessas escolhas possa atrapalhar a quimioterapia”, conta. Vera Rodrigues Pereira, 47 anos, também não escondeu do médico a opção de usar a cromoterapia (terapia com luzes) para dar um “reforço” à quimioterapia que seu filho, Andrei, dez anos, recebeu no ano passado devido a um tumor na tíbia (osso da perna). Aplicava o conjunto de luzes na perna do garoto diante do especialista e ao mesmo tempo ele passava pela sessão quimioterápica. “O importante era meu filho ficar bem. Acho que isso ajudou a reduzir os efeitos colaterais”, conta Vera.

Interesse médico

A médica norte-americana Barrie Cassileth, autora do livro The alternative medicine handbook, guia sobre as práticas não-convencionais, chefia o Serviço de Medicina Integrativa do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, um dos melhores hospitais do Estados Unidos especializados no atendimento do câncer. Criado em abril do ano passado, o serviço oferece aos pacientes terapias como tai chi chuan, hipnose e técnicas de relaxamento. Barrie falou, por telefone, a ISTOÉ:

ISTOÉ – Os médicos estão mais abertos às terapias não-convencionais para complementar o tratamento do câncer?
Barrie Cassileth – Sem dúvida. Cerca de metade dos médicos está interessada nelas e disposta a usá-las como parte do tratamento. Mas é importante saber que nenhum deles se arriscaria a usar terapias que não possuem comprovação científica. Está se usando cada vez mais terapias complementares como meditação e acupuntura, que já têm seus benefícios estudados pela ciência.

ISTOÉ – A abordagem que estabelece relação entre corpo e mente é a melhor maneira de cuidar da doença?
Barrie – É um caminho que se está mostrando útil. E deve dar ao paciente a opção de escolher o tipo de terapia que lhe for mais agradável.

ISTOÉ – Por que a medicina convencional está se interessando somente agora pelo tema?
Barrie – Na verdade, já se sabia há 20 anos que o apoio psicológico é um ponto importante para se enfrentar o câncer. Hoje esse apoio é muito mais amplo.

ISTOÉ – Existe alguma terapia alternativa mais promissora?
Barrie – Entre os fitoterápicos, o PC-SPES, uma combinação de oito ervas, já se mostrou eficiente no câncer de próstata, e o Viscum album, que é usado na Europa, está sendo melhor estudado.

ISTOÉ – E a babosa?
Barrie – Ela é boa se for usada na forma de creme, externamente, para tratar queimaduras. Para o câncer ela não tem efeito e pode ser mortal se for usada internamente. Pessoas já morreram depois de terem injetado babosa na veia.

Abrangência – Mas será mesmo que cuidar do emocional contribui para enfrentar melhor a doença? “Essa abordagem corpo-mente é útil na qualidade de vida do paciente. Mas ainda resta saber se ela pode aumentar a sobrevida”, pondera Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. No entanto, uma coisa é certa: não faz mais sentido enxergar o paciente de câncer exclusivamente como um tumor a ser combatido. A relação entre corpo e mente é tão inseparável que se tornou óbvia até para o mais cético dos cientistas. “O mundo está acordando para o fato de que não adianta apenas destruir o câncer. É preciso se preocupar em não prejudicar o indivíduo”, aponta Nise Yamaguchi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. Realmente. “Aspectos psicológicos como stress e depressão podem interferir na doença”, diz Sérgio Petrilli.

Cuidar da saúde mental dos pacientes, portanto, é fundamental. Mas é preciso ter cuidado. O perigo é o doente achar que pode mudar o curso da doença apenas com a força da mente. Essa é uma idéia pouco consistente e pode gerar sentimento de culpa e frustração se o caso evoluir mal. Assim como depositar as esperanças de cura em uma planta ou gotinhas “milagrosas” pode ser um suicídio. “É normal que as pessoas busquem auxílio nessas técnicas por desespero. Mas sou contra a mistificação. É mentira dizer que algumas gotinhas, chazinhos ou agulhinhas salvam. Já vi pacientes que tinham um tumor operável, mas preferiram usar a terapia alternativa e acabaram morrendo. Estou cansado de ver isso acontecer e ninguém ser punido”, enfatiza o oncologista Drauzio Varella.

A babosa, por exemplo, é uma planta que não tem efeito sobre tumores, mas é amplamente usada pela população. No ranking das terapias alternativas mais procuradas pelos pacientes entrevistados no Hospital A. C. Camargo, ela ficou em primeiro lugar. Só que, além de não agir contra a doença, há quem afirme que a babosa pode causar diarréia e até matar. “Alguns pacientes tiveram de suspender a quimioterapia por causa desse problema e se prejudicaram”, diz Riad Younes. Por isso, mesmo quando um paciente diz ter melhorado por causa da babosa, é preciso cautela. A orientadora educacional Lúcia Adelaide de Araújo, 64 anos, por exemplo, está utilizando um remédio à base da planta desde 1996, quando sua ginecologista decretou que teria de um a seis meses de vida por causa de um câncer no útero. “Um amigo me falou do remédio fitoterápico à base de espinheira-santa, pau-d’arco e babosa e eu comecei a tomar. Consultei um oncologista e ele disse que eu podia acreditar naquilo desde que não interrompesse a quimioterapia”, conta Lúcia. A orientadora seguiu a recomendação. Fez a quimioterapia e submeteu-se a uma cirurgia para a retirada do útero, trompas e ovários. Hoje ela está livre do tumor e faz exames de controle a cada seis meses.

Cautela – Utilizar o tratamento não-convencional como única arma no combate ao câncer é, sem sombra de dúvida, desaconselhável. As terapias complementares não curam a doença. Elas servem para ajudar a controlar seus sintomas e melhorar o bem-estar. Entre os métodos não convencionais, a acupuntura e a meditação são as mais aceitas pela comunidade médica. Embora ainda não se conheça seu verdadeiro mecanismo de ação, a acupuntura estimula o sistema de defesa do corpo, diminui efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, e alivia a dor. Tanto que tem sido usada há dez anos no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. É uma das alternativas da clínica de dor do hospital, já que 60% dos pacientes com câncer estão sujeitos a sentir dores. A meditação, por sua vez, ajuda a poupar o organismo porque provoca um alto nível de relaxamento – cerca de seis vezes superior ao do sono – e diminui a produção de cortisol, hormônio relacionado ao stress.

Em relação ao combate direto ao tumor, a principal contribuição vem da fitoterapia, que deu à medicina tradicional mais uma arma para o combate ao câncer de próstata. Trata-se de um composto de oito ervas batizado de PC-SPES, capaz de reduzir o nível do PSA (proteína produzida pela próstata que serve como um indicador do câncer) em homens com tumores avançados, graças a mecanismos ainda não desvendados. O Viscum album, planta usada pela medicina antroposófica, também poderá se tornar mais uma aliada contra a doença. Ela já é utilizada há muitos anos na Lukas Clinic, um hospital suíço que segue os preceitos da antroposofia para tratar pacientes com câncer. Ainda há, entretanto, necessidade de se fazerem mais pesquisas para comprovar efetivamente a sua ação contra o tumor. Alguns trabalhos, por exemplo, apontaram que o Viscum album funciona bem para tumores no ovário e na mama, mas para o melanoma pode ter efeitos indesejados, como uma maior possibilidade de recorrência do problema. “A natureza é um laboratório incrível, mas as chances de se encontrar um bom remédio que possa ser comercializado são muito limitadas”, disse à ISToÉ Gordon Cragg, chefe do Departamento de Produtos Naturais do Instituto Nacional do Câncer dos EUA.

Com o avanço das pesquisas e a maior segurança quanto a eficácia das terapias não-convencionais, a interação entre os diversos tratamentos poderá traçar um novo caminho no combate ao câncer. E isso deve colaborar para derrubar radicalismos. “Muitos médicos ainda têm preconceito contra a acupuntura, assim como os acupunturistas fazem restrições aos médicos. Se aproveitarmos o melhor que cada um pode oferecer, quem lucra é o paciente”, diz o médico Maurílio Martins, acupunturista do Instituto Nacional do Câncer.

Separação do joio e do trigo

Cartilagem de tubarão, cogumelos do sol ou acupuntura? Dessas três opções, apenas a última tem a sua eficácia comprovada por meio de estudos clínicos na redução de dores e da náusea comuns ao tratamento do câncer. O fato é que é preciso ter muito cuidado quando se procura ajuda nas terapias alternativas. Para saber o que realmente funciona e o que é puro embuste são necessárias, por exemplo, pesquisas científicas baseadas também em metodologias consagradas pela medicina convencional. Há parâmetros palpáveis para medir a eficiência dos florais, auriculoterapia (estimulação de pontos na orelha) ou qualquer outra técnica. Não é porque a maioria das técnicas alternativas não interferem diretamente sobre o tumor que seus eventuais benefícios não possam ser percebidos. “Qualidade de vida é perfeitamente mensurável”, afirma Antonio Carlos Buzaid, diretor-executivo do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

É necessário também não se deixar inebriar com a atração de que essas terapias são naturais e, portanto, livres de efeitos mais danosos. “Mandioca-brava é natural e mata”, diz Buzaid. A cartilagem de tubarão, algo “natural”, por exemplo, não tem ação nenhuma sobre o câncer de acordo com os estudos mais recentes. Um método de cura para o câncer criado há três anos na Itália pelo médico Luigi Di Bella ilustra o que a divulgação irresponsável de tratamentos “milagrosos” pode fazer com a ajuda da mídia.

Batizado de “Di Bella”, o método se propunha a curar o câncer com uma mistura de vitaminas e hormônios, ao preço aproximado de US$ 5 mil por mês. Trouxe muitas falsas esperanças. Não tinha comprovação científica. Como consequência, milhares de pacientes foram atrás do método que, tempos mais tarde, mostrou-se ineficaz.

Por isso, é importante seguir algumas recomendações para evitar surpresas: converse com o seu médico antes de adotar qualquer terapia complementar; lembre-se de que muitos remédios ainda não tiveram a eficácia comprovada cientificamente e que “natural” não significa “seguro”; evite qualquer método que prometa a cura do câncer; procure informações em hospitais e associações ligadas à doença.

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Alta diluição em foco (12.05.2008)

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O campo emergente e multidisciplinar da pesquisa sobre altas diluições acaba de ganhar, por iniciativa brasileira, seu primeiro espaço de divulgação científica. A revista eletrônica International Journal of High Dilution Research (IJHDR), será lançada em Oostende, na Bélgica, no dia 20 de maio.

O editor-chefe do novo veículo, o físico Carlos Renato Zacharias, do Departamento de Física e Química da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Guaratinguetá (SP), fará o lançamento durante o 22º Simpósio do Grupo Internacional de Pesquisa sobre o Infinitesimal (Giri, na sigla em francês), sociedade internacional e multidisciplinar dedicada à troca de experiências em diversas áreas relacionadas às altas diluições, incluindo a homeopatia.

Dentro do tema de altas diluições, a publicação trimestral divulgará trabalhos nas áreas de física, química, biologia, medicina, veterinária e agronomia, de acordo com Silvia Waisse Priven, uma das integrantes do grupo multidisciplinar que concebeu o projeto da revista.

“A pesquisa em altas diluições é um campo emergente que se estendeu, a partir do campo tradicional da homeopatia, para diferentes disciplinas e aplicações. A revista terá o papel de centralizar os trabalhos feitos sobre o tema em todas essas áreas, além de tratar de aspectos epistemológicos”, disse à Agência FAPESP a pesquisadora que acaba de defender doutorado em história da ciência tratando do tema, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

Segundo Silvia, a homeopatia, formulada na Alemanha no século 18 e hoje reconhecida como especialidade médica, tem seu estatuto de ciência continuamente contestado por se utilizar de preparados com diluição acima do número de Avogadro, a constante física que torna possível calcular o número de moléculas em uma amostra com uma certa massa de uma substância.

“Apesar disso, essas soluções ultradiluídas têm efeitos biológicos que ainda precisam ser explicados. Eles têm sido objeto de intensa pesquisa básica realizada, não por médicos, mas por físicos e químicos, que também têm constatado esses efeitos”, disse.

As pesquisas sobre altas diluições, segundo Silvia, tem aplicações em áreas como medicina, veterinária e agronomia. “Quem trabalha nesse campo é freqüentemente questionado sobre onde está a pesquisa que lhe dá base científica. A dificuldade em se mostrar esses resultados decorre do fato de se tratar de um campo multidisciplinar, portanto, seria preciso rastrear a produção científica em publicações de inúmeras áreas. A revista ajudará a centralizar esse material”, afirmou.

Outro objetivo do veículo eletrônico, segundo ela, é uniformizar a nomenclatura utilizada na área. “Como se trata de uma área emergente, ainda há necessidade de uniformizar a nomenclatura. Por exemplo: os médicos falam em dinamizações e potências, os pesquisadores básicos falam em ultradiluições, outros ainda falam de soluções diluídas e agitadas”, apontou.

A publicação, segundo Silvia, surgiu a partir da revista impressa Cultura Homeopática, cujo conteúdo será integralmente disponibilizado na revista eletrônica. A nova publicação deriva de uma parceria entre o Giri e a Unesp de Guaratinguetá, que dará o apoio eletrônico. O veículo adotará o processo de revisão por pares e terá acesso aberto.

As descobertas na área de altas diluições, de acordo com a pesquisadora, concentram-se por enquanto em observações experimentais e estão sendo desenvolvidos métodos para interpretar os fenômenos e produzir novas pequisas.

International Journal of High Dilution Research: http://www.feg.unesp.br/ijhdr.

Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8818

Homeopatia é alternativa para a agricultura familiar

O desenvolvimento sustentável é o objetivo do projeto que tem como foco principal os produtores orgânicos.

Flávia Martini

Um projeto de extensão, coordenado pelo professor Carlos Bonato, agrônomo do Departamento de Biologia, está capacitando pequenos produtores rurais para o uso da homeopatia na agricultura familiar.

As pesquisas, que começaram a ser desenvolvidas há cinco anos, deram subsídios para dez monografias, para a criação de um grupo de estudos e resultaram no projeto que conta com um laboratório e uma cartilha editada com apoio do CNPq.

O grupo trabalha ministrando palestras e cursos a famílias de agricultores, técnicos e agrônomos. Os interessados em utilizar a homeopatia, para combater pragas e doenças em plantas ou corrigir água e solo contaminados e até tratar animais, aprendem a preparar os medicamentos na propriedade. O projeto já atendeu cerca de mil agricultores, a grande maioria no Oeste paranaense, onde o grupo trabalha em parceria com o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, de Marechal Cândido Rondon.

Na região Noroeste algumas propriedades também estão sendo atendidas. É o caso da Fazenda Santa Juliana, em Sarandi, que cultiva orgânicos e estava infestada por saúvas. Em Cruzeiro do Oeste, o problema é com formigas lava-pés em culturas orgânicas de acerola. “Os resultados têm sido animadores, uma vez que não existem métodos eficientes de combate a esses insetos nem na agricultura convencional”, diz o extensionista rural Marcos André Collet.

O medicamento, uma solução que utiliza o próprio inseto como substância, é colocado nos olheiros dos formigueiros. “É uma aplicação prática e apesar de as formigas não morrerem ficam desorientadas e acabam se reintegrando ao ambiente. Trata-se de uma ferramenta e tanto, pois é simples e tem se mostrado eficiente”, dizem Bonato e Collet.

Outro resultado importante foi constatado na cultura da uva. Depois da poda, a planta entra em um processo natural denominado dormência. “Para que ela desperte e brote é necessário o uso de um produto químico, comprovadamente cancerígeno e mutagênico, e nós conseguimos um homeopático que quebra a dormência sem impacto ambiental”, afirma Bonato.

Cultivo Orgânico – O pesquisador diz que, nas palestras ministradas a pequenos produtores rurais, descobriu que a maioria partiu para o cultivo orgânico depois de contaminação severa por agrotóxicos. Estes defensivos e os adubos solúveis são os dois grandes vilões da agricultura convencional: ambos contaminam o homem e o ambiente, atingindo solos, nascentes de rios e lençóis freáticos quando utilizados de maneira irracional e desenfreada. “Só para se ter uma idéia, durante o ciclo da maçã, são entre 20 e 30 aplicações de agrotóxicos. E se conhecemos os malefícios para quem aplica e para o ambiente, não sabemos ao certo quais os efeitos cumulativos no organismo de quem consome esses alimentos”, constata.

Práticas como a agricultura orgânica e a homeopatia surgiram para mudar esse contexto, segundo Bonato. “Por atuar de forma integrada, restabelecendo o equilíbrio dos seres vivos e do ambiente, a homeopatia é uma grande aliada da agricultura orgânica, que não admite produtos químicos e é a modalidade de cultivo que mais cresce no Paraná, em torno de 30% ao ano”, acrescenta.

Na visão do pesquisador, a homeopatia tem potencial até para ser utilizada na agricultura convencional. Ele observa que a Universidade Federal de Viçosa também realiza pesquisas na área e é parceira da UEM. Lá, já foram defendidos 16 trabalhos entre dissertações de mestrado e teses de doutorado, com alto rigor científico. “Em Minas, a homeopatia é utilizada, por exemplo, em mais de um milhão de pés de café”, diz Bonato.

Equilíbrio – Na opinião do pesquisador, é fácil trabalhar uma cultura convencional. “O agricultor usa adubos e aplica venenos e acabou a história. Com a orgânica é muito mais complicado e por isso ela está se estabelecendo na pequena propriedade”, diz. Ele observa, entretanto, que se um grande produtor não tem como transformar uma cultura convencional em orgânica, de uma vez só, pode começar em uma pequena parte da propriedade e aprender com o sistema. É como em um doente acostumado com antibiótico. Primeiro ele precisa se desintoxicar para então encontrar a harmonia e começar a produzir. O mesmo ocorre com a homeopatia. “No Oeste do Paraná, por exemplo, nosso projeto presta assistência à uma propriedade com 200 hectares de soja orgânica”, diz. E a técnica, além de equilibrar o ambiente como um todo, garante bons índices de produtividade, tem ainda custo muito baixo, uma grande vantagem, principalmente para os pequenos produtores. “O uso da homeopatia na agricultura é uma realidade, pois é baseado em fatos e resultados concretos, não há mais como negá-la”, finaliza.

Fonte: http://www.jornal.uem.br

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A Medicina Doente

Por Jomar Morais

(Capa da Revista Super Interessante em maio de 2001)

Mortes provocadas por remédios que deveriam curar, exames e cirurgias caros e desnecessários, tratamento desumano de pacientes. Um conjunto de distorções abala a confiança nos médicos e expõe a crise sem precedentes por que passa a medicina.

Flagrante do cotidiano em um consultório médico do terceiro milênio: o executivo Roberto entrega ao doutor um calhamaço de exames e logo fica sabendo que sua saúde não anda bem. O colesterol alcançou a estratosférica taxa de 800 miligramas por decilitro – mesmo no futuro, uma taxa superior a 250 miligramas indica que o sujeito vai mal –, o que faz de Roberto um candidato fortíssimo a ter um infarto fulminante. O caso exige cuidados imediatos. Mas, ao contrário do que ocorre hoje, o médico não saca a caneta para gerar uma prescrição. Limita-se a digitar em um banco de dados online a seqüência de genes das células sangüíneas do executivo e a aguardar, por alguns instantes, o trabalho de uma pequena impressora. É dali que emerge uma receita completa e específica com a indicação, entre quase 200 remédios disponíveis no mercado, daquele que melhor interage com o paciente.

É tudo tão rápido que a tradicional consulta médica dura só alguns minutos. Afinal, são máquinas inteligentes, conectadas a bancos de dados colossais, que se encarregam praticamente sozinhas do diagnóstico, levando em consideração todas as características orgânicas e genéticas do paciente, seu histórico médico, entre outros parâmetros. Transformado em simples intermediário entre o paciente e a tecnologia, ao doutor cabe apenas alimentar o sistema com dados de análises de sangue e tecidos orgânicos realizadas – adivinhe – por outros engenhos eletrônicos. É o máximo em automação e customização do atendimento, num contexto em que a prescrição de uma simples aspirina pode mobilizar e cruzar milhões de informações.

Com certeza você ainda não conhece nenhum médico que trabalhe assim, apesar da parafernália tecnológica já utilizada pela medicina moderna. Mas o quadro descrito acima deverá fazer parte da vida real nos próximos cinco anos, graças a um novo ramo da ciência que une a farmacopéia às descobertas recentes sobre o genoma humano – a farmacogenômica. O curioso é que, em vez de trazer a certeza de que, nessa cena futurista, os serviços médicos atingirão o ápice em qualidade, a promessa de mais automatismo na medicina só atiça uma polêmica emergente em todo o mundo: o modelo biomédico, sobre o qual se apóiam as rotinas atuais de clínicas e hospitais – e também a produção de medicamentos –, atende, de fato, às necessidades do homem no campo da saúde?

Eis aí um paradoxo. Enquanto a intimidade microscópica do organismo é devassada pela ciência e mais e mais recursos high-tech são incorporados aos sistemas de diagnóstico e terapia, cresce também a insatisfação das pessoas com os custos, o atendimento, e, sobretudo, com a promessa fria de eficácia dos procedimentos médicos. “Em todos os setores a sofisticação tecnológica reduziu custos e aumentou a satisfação do cliente, exceto na medicina”, diz Flávio Corrêa Próspero, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. Hoje as pessoas buscam muito mais os médicos do que no passado, gastam pequenas fortunas com exames, estão quase que continuamente tomando algum remédio e, no final, sempre descobrem que não se livraram de antigas complicações ou que contraíram alguma das novas doenças que não param de engordar a lista oficial de moléstias catalogadas – ela já soma 30 000 itens. Além disso, a tecnologia médica parece ter promovido o distanciamento entre o terapeuta e o paciente, desumanizando a prática profissional e abalando uma relação milenar associada ao processo de cura. A julgar pelo novo horizonte trazido pela farmacogenômica, esse fosso deverá ampliar-se ainda mais quando as máquinas de prescrição invadirem os consultórios.

A noção de que há algo errado com a medicina como a conhecemos é consensual. Falam disso usuários e críticos dos serviços de saúde. E também os próprios médicos, tradicionalmente uma das categorias profissionais mais marcadas pelo corporativismo. O que varia são as leituras da situação, que apontam causas e soluções distintas para o problema. Outro sinalizador da crise que, aos poucos, se instala na área da saúde é a corrida de usuários da medicina convencional para as chamadas terapias alternativas, métodos de cura baseados em paradigmas que se opõem ao modelo médico hegemônico, geralmente originárias do Oriente. Na França, estima-se que 82% dos pacientes superpõem a seus tratamentos na medicina oficial as terapias alternativas. Nos Estados Unidos, 35% da população já freqüenta consultórios de homeopatas, acupunturistas e outros terapeutas que não fazem uso de drogas químicas, os chamados remédios alopatas. Inflando a onda de contestações, há uma série de falhas que contribuem para minar a confiança de pacientes nos ritos médicos tradicionais.

Medicamentos matam mais de 100.000 norte-americanos por ano

Tomem-se, por exemplo, alguns números dos Estados Unidos, o centro médico mais avançado do mundo. Ali, segundo estimativa da própria Associação Médica Americana, a cada ano 2,2 milhões de pessoas contraem doenças e outras 106 000 morrem devido a efeitos colaterais de medicamentos, a quarta causa de óbitos no país. Um espanto quando se considera o rigor da FDA, a agência federal de controle de drogas. O órgão costuma autorizar a comercialização de um novo remédio somente após uma seqüência de estudos que envolvem milhares de pacientes ao longo de cinco ou mais anos. (No Brasil, quinto país do mundo em consumo de medicamentos, a Fundação Oswaldo Cruz estima em 24 000 as mortes anuais por intoxicação medicamentosa.) Nos hospitais, 98 000 americanos teriam morrido, no ano passado, vitimados por erros médicos grosseiros. Mas Janet Corrigan, diretora de Serviços de Saúde do Instituto de Medicina (IoM), um órgão do governo, acha que o número foi subestimado. “O erro médico tem sido ocultado”, diz Janet. O número seria maior se computados os casos ocorridos em casas de repouso, prontos-socorros e consultórios. Incluam-se nesse rol de problemas as queixas contra efeitos colaterais das vacinas – foram 108 000, no ano passado, apenas através do site do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos – e se perceberá que o raio-x da medicina oficial está marcado por nódulos e obstruções.

Seria loucura negar, sob o pretexto dessas distorções, a contribuição dos serviços médicos à melhoria da qualidade de vida e à longevidade no mundo atual. Quem, vivendo em algum lugar minimamente civilizado, não conhece pelo menos um caso de alguém salvo da morte ou libertado da doença graças à pronta intervenção médica? O que os problemas em debate revelam é que essa contribuição pode estar aquém do que se imagina, numa relação custo-benefício bastante desfavorável para quem paga a conta – o paciente. Um estudo da Universidade Stanford, dos Estados Unidos, com o objetivo de aferir os fatores que levam uma pessoa a viver mais de 65 anos, mostrou que a assistência médica é o que menos pesa: apenas 10% num conjunto em que o estilo de vida participa com 53%, as condições ambientais com 20% e a herança genética com 17%. É muito pouco quando se compara esse percentual aos preços salgados e aos lucros gordos que envolvem a assistência médica.

Cerca de 85% dos exames solicitados têm resultados negativos

Na última década, os serviços médico-hospitalares cresceram em torno de 12% ao ano nos Estados Unidos. Estima-se que eles responderão por 15% do PIB americano este ano, algo em torno de 1,3 trilhão de dólares. (Isso dá mais de duas vezes o PIB brasileiro.) Em média, cada cidadão americano gasta 4 800 dólares por ano com consultas médicas, exames e internações. No Brasil, onde a assistência médica compõe 4% do PIB (algo como 24 bilhões de dólares), a Fundação Getúlio Vargas estima que na cidade de São Paulo, o maior centro médico do país, a indústria da saúde cresce em torno de 15% ao ano.

Os números de Stanford apontam para problemas que, até há pouco, se mantinham encobertos pela suposição de que a simples sofisticação tecnológica e a variedade de drogas produzidas pela indústria farmacêutica bastavam para derrotar tanto as velhas doenças quanto as novas moléstias. Sabe-se agora que é enorme o desperdício na utilização da tecnologia – um dos principais fatores dos altos custos médicos –, bem como o abuso na prescrição de remédios e indicação de cirurgias. “A escola americana de medicina, modelo seguido no Brasil, é muito intervencionista”, afirma a doutora Regina Parizi, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. “Nesse modelo apela-se demais à cirurgia e aos procedimentos agressivos.” Compare: enquanto no Japão apenas um em cada 100 000 habitantes é submetido a algum tipo de cirurgia coronária por ano, nos Estados Unidos essa proporção sobe para 61 por 100 000. Não há também justificativa lógica para o fato de 51% dos partos no Estado de São Paulo acontecerem mediante operações cesarianas.

Na verdade, diz o psiquiatra paulistano e doutor em psicossomática Wilhelm Kenzler, cerca de 85% dos exames solicitados pelos médicos – o número varia de seis a 28 na consulta inicial – apresentam resultados negativos. E mais de 90% dos diagnósticos se resumem nas siglas NDN (nada digno de nota) ou DNV (distúrbio neurovegetativo, ou seja, uma crise nervosa). Mesmo assim a maioria dos pacientes volta para casa com uma receita de medicamento, cujo uso – dispensável na maioria dos casos, como se pode perceber – pode ser o ponto de partida de “doenças iatrogênicas”, aquelas que são causadas por tratamentos médicos inadequados.

Eis aqui outro paradoxo. Enquanto se queixam do relacionamento frio e impessoal com a medicina, os pacientes cada vez mais transferem para os médicos e seu arsenal químico e tecnológico a responsabilidade pela própria saúde e a de seus familiares. Não raro, são eles próprios que acionam o circuito do desperdício e da dependência, pressionando pela prescrição de exames e de drogas. Se isso não acontece, costumam entrar em pânico ou duvidar do profissional, como afirma o pediatra americano Wells Shoemaker. Ao atender em seu consultório, no interior da Califórnia, um menino acometido de resfriado comum, o médico recomendou apenas repouso e boa alimentação. Para sua surpresa, a mãe da criança, inconformada, exclamou que não voltaria para casa sem uma receita. “Meu filho precisa de antibióticos”, disse a mulher. “É assim que ele cura seus resfriados.” O pediatra ainda tentou explicar que antibióticos combatem bactérias e não vírus, os causadores de resfriados, além de serem substâncias perigosas, com muitos efeitos adversos no organismo. Em vão. Aos berros, a mãe do menino encerrou a consulta: “Vou procurar um doutor que saiba cuidar de crianças”.

Mas, afinal, o que está mesmo acontecendo com a medicina? Por que tantos exageros e descontentamentos numa época em que o conhecimento das ciências médicas, segundo o doutor em neurofisiologia Renato Sabbatini, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em Campinas, dobra a cada três anos e em que não existe limite para a tecnologia que desbrava o corpo humano? “Isso ocorre devido a três pontos críticos”, diz Wilhelm. “À despersonalização, à tecnificação e à mercantilização da medicina.” Na raiz desses males estaria o próprio conjunto de conceitos e hipóteses que fundamentam a moderna prática médica – o modelo biomédico moldado há três séculos.

Para entendê-lo é necessário recuar no tempo para encontrar dois marcos na história do conhecimento: o físico inglês Isaac Newton e o filósofo francês René Descartes. No século XVII, Newton concebeu o universo como um imenso mecanismo de relógio, possível de ser compreendido a partir do estudo de suas partes. Na mesma época, Descartes estabeleceu a visão dualista do homem, separando mente e corpo como entidades independentes. Nos séculos seguintes, tais idéias constituíram o cerne do que hoje é conhecido como o paradigma cartesiano-newtoniano, base de todos os sistemas conceituais nos diversos ramos da ciência. Na medicina, a aplicação do paradigma mecanicista deu ênfase ao estudo isolado de órgãos e tecidos, o que foi reforçado ainda mais pelos grandes avanços da microbiologia no século XIX.

O modelo biomédico consiste basicamente em três premissas: o corpo é uma máquina, a doença é conseqüência de uma avaria em alguma de suas peças e a tarefa do médico é consertá-la. A partir daí é que se determinou a prática médica atual, a organização da assistência à saúde e a formação dos recursos humanos nessa área, caracterizando-se a ruptura com a tradição inspirada no grego Hipócrates (século V a.C.) e seus valores humanísticos. “As raízes da medicina hipocrática se assentavam na filosofia da natureza e seu sistema teórico partia de uma visão holística que entendia o homem como um ser dotado de corpo e espírito”, afirma Dante Gallian, pesquisador do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo. O médico clássico era um filósofo. Conhecia a alma humana e a cultura local, andava muito próximo de seus pacientes e atuava como conselheiro em assuntos como o despertar da sexualidade nos adolescentes, os problemas de relacionamento do casal e outras questões da vida familiar. Diante das limitações terapêuticas, permanecia ao lado do enfermo e seus familiares, ajudando-os no sofrimento e na preparação para a morte. A figura romântica desse clínico geral foi sepultada pela explosão das especializações no século XX, quando o reducionismo impôs-se de vez à prática médica ocidental. O médico, então, tornou-se um técnico, um especialista com grande conhecimento específico e quase sempre sem noção do todo.

A indústria farmacêutica quer faturar 400 bilhões de dólares em 2002

Note: a implantação do modelo biomédico não emergiu do nada, mas de uma convergência de fatores históricos e culturais que validaram, na época, os axiomas básicos da medicina ocidental como a conhecemos. O trabalho do químico francês Louis Pasteur, pioneiro no estudo dos microorganismos, é talvez o pilar mais importante desse modelo. Pasteur demonstrou a correlação entre bactérias e doenças e atribuiu a micróbios específicos a causação de doenças específicas. Opôs-se assim a Claude Bernard, cuja teoria, muito difundida no século XIX, apresentava a doença como resultado de uma perda de equilíbrio do organismo provocada por fatores externos e internos. Bernard afirmava que os micróbios são inócuos e que o corpo do homem é hábitat natural de bactérias, úteis à eliminação de toxinas. Em apenas 1 mililitro de saliva humana, por exemplo, existem 150 milhões de bactérias. Essa coexistência pacífica dos microorganismos com o nosso corpo só seria rompida, segundo Bernard, quando este, agredido por fatores ambientais e hábitos não saudáveis, se desregulasse e se transformasse em um “terreno” propício ao surgimento de doenças. Em vez de ser a causa primária das doenças, as bactérias seriam manifestações sintomáticas de um distúrbio fisiológico oculto. Os danos a tecidos e órgãos, na tese de Bernard, decorreriam da reação excessiva do organismo provocada por descontrole dos mecanismos de defesa.

Pasteur, que, além de pesquisador meticuloso era um polemista hábil, acabou infundindo sua teoria, favorecido pela eclosão, na Europa, de epidemias que lhe permitiram demonstrar o conceito de causação específica. Desde então, o combate aos microorganismos geradores de doenças passou a ser o foco da medicina ocidental em sua pretensão de tornar-se uma ciência exata. No século XX, o desenvolvimento de vacinas e medicamentos contra enfermidades infecciosas, especialmente os antibióticos, os antidepressivos e a descoberta do hormônio cortisona e seu poder antiinflamatório, selaram o triunfo do modelo biomédico no controle de males devastadores. Também a eficácia da medicina de emergência em casos de acidentes, infecções agudas e outros imprevistos contribuiu para esse êxito. Os novos recursos da medicina e da farmacologia passaram a ser vistos como os grandes responsáveis pela melhoria das condições de saúde e o aumento da expectativa de vida nos últimos 100 anos. (Em 1900 um brasileiro vivia, em média, 37 anos; hoje vive 68, quase o dobro.)

O brilho de tanto sucesso ofuscou por várias décadas questões como o perigo dos efeitos colaterais dos medicamentos, a influência dos fatores sociais, econômicos e culturais no aumento da expectativa de vida e a contribuição poderosa dos processos psíquicos e dos hábitos para a saúde do organismo. Mas, nos últimos tempos, pesquisas como a da Universidade Harvard, atestando a supremacia do estilo de vida entre os fatores de saúde e longevidade, trouxeram para o centro do debate antigos argumentos. Um deles, apresentado pelo inglês Thomas Mckown, em seu livro The Role of Medicine: Mirage or Nemesis (O papel da medicina: ilusão ou castigo), ainda inédito no Brasil, é o que atribui o enorme declínio da mortalidade, a partir do século XVIII, ao aumento da produção de alimentos, com reflexos na nutrição das pessoas, à melhoria das condições de higiene e saneamento e à redução da pobreza. Segundo Thomas, as principais doenças infecciosas já tinham atingido o seu pico e estavam em declínio bem antes da chegada dos antibióticos ou das campanhas de imunização, fato que demonstraria a responsabilidade modesta que a intervenção médica teve naqueles casos. Quando a vacina contra sarampo foi adotada nos Estados Unidos, em 1964, por exemplo, o índice de mortes provocadas pela doença já havia declinado 95% desde 1915.

Metade dos médicos brasileiros atua no eixo Rio-São Paulo

Seja como for, os medicamentos passaram a ser vistos como a chave para a cura de todos os problemas de saúde. E, como conseqüência, a produção de remédios tornou-se um dos negócios mais lucrativos do planeta, detalhe que veio a influenciar profundamente o ensino e a prática da medicina. A aliança das ciências médicas com a indústria farmacêutica, ainda hoje um dos muitos temas tabus entre os médicos, foi notada pela primeira vez no início do século XX, quando a Associação Médica Americana promoveu uma pesquisa sobre as escolas de medicina. O objetivo do estudo era proporcionar uma base científica à formação do médico. Mas havia um objetivo paralelo: selecionar escolas que receberiam verbas vultosas de fundações como a Rockefeller e a Carnegie, desde que atendessem a critérios preestabelecidos. A pesquisa deu origem ao chamado Relatório Flexner, documento que influenciou a reforma do ensino médico nos Estados Unidos.

“O interesse do big business não é curar, mas manter as doenças sob controle de remédios”, diz Wilhelm. Segundo o psiquiatra, que também é professor de medicina psicossomática na Faculdade de Medicina Santo Amaro, em São Paulo, a grande indústria farmacêutica mobiliza bilhões de dólares para financiar escolas e centros de pesquisa médica, além de cortejar médicos e pesquisadores com mordomias que incluem viagens a congressos e estágios no exterior. “O pesquisador passa a ser praticamente um colaborador do laboratório farmacêutico e o médico, um de seus propagandistas”, afirma Wilhelm. A finalidade desses estudos seria quase sempre validar novos produtos prestes a entrar num mercado novo.

Há 20 anos, o mercado global de medicamentos movimentava apenas 12 bilhões de dólares. Agora a indústria farmacêutica quer chegar a 2002 faturando 400 bilhões de dólares. É como se dois terços de toda a riqueza produzida no Brasil no ano passado fosse empregada apenas na compra de remédios alopáticos. Mas o que move a parceria da indústria farmacêutica com a pesquisa e o ensino médico não é o mero desejo de lucro, diz Serafim Branco Neto, secretário Executivo da Abifarma, a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica. “Perde-se muito dinheiro em pesquisas que não chegam a nada ou desaconselham o uso de algum novo produto.” Segundo Serafim, o valor médio investido na pesquisa de uma única nova droga é de 400 milhões de dólares.

“Não há nada errado no modelo biomédico. O paradigma da patologia celular continua válido e é suficiente para explicar as doenças e buscar a sua cura”, diz Renato Sabbatini. “A boa medicina é científica, apóia-se em evidências.” Para Renato, muitas das limitações da medicina convencional, entre elas os efeitos adversos dos remédios, devem ser superadas nos próximos anos graças aos progressos da biologia molecular. Medicamentos feitos sob medida, a partir do conhecimento do código genético do paciente, serão mais precisos. E as intervenções no DNA poderão tornar o organismo humano mais resistente às condições ambientais ou dotado de habilidades próprias de outras espécies como, por exemplo, enxergar no escuro.

O problema da medicina, diz Renato, está circunscrito à exploração econômica da atividade, que transformou o médico num assalariado mal pago e afetou a qualidade do ensino da medicina com a proliferação desordenada de cursos – outro grande filão na área da saúde. O Brasil possui 104 faculdades de medicina. Apenas em Ribeirão Preto, cidade média do interior de São Paulo, existem quatro. Entre as 81 faculdades submetidas, no ano passado, ao exame de avaliação do MEC, o provão, mais de um terço recebeu conceito ruim ou péssimo.

Lançados em ritmo de linha de montagem no mercado urbano (há três anos metade dos 216 000 médicos atuantes no Brasil trabalhava em São Paulo e no Rio de Janeiro), muitos desses profissionais acabam incorrendo em transgressões éticas que vão além da indiferença no trato com o paciente. “O que esperar de um médico que ganha 3 reais por consulta no Sistema Único de Saúde, o SUS, se ele pode ganhar 400 solicitando uma tomografia ou 40 000 numa cirurgia paga pelo cliente?”, pergunta Renato. Uma expressiva parcela dos médicos tornou-se, enfim, vítima de situações estressantes, nem sempre levadas em conta quando eles cuidam da própria saúde e da de seus pacientes.

Chega a ser irônico que a expectativa de vida dos profissionais da área médica, mesmo em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, seja cerca de dez anos menor que a média das outras pessoas. Também causa espanto que o alcoolismo, o abuso de drogas e o suicídio apresente elevados índices entre os médicos. Um estudo da Universidade da Califórnia, realizado no ano passado entre 9 600 médicos americanos, mostrou que 20% deles usaram drogas derivadas de ópio, prática facilitada pelo acesso rotineiro à morfina e substâncias similares utilizadas em hospitais. O alcoolismo é um vício tão espraiado entre médicos que foi criada uma versão especial dos grupos de auto-ajuda Alcoólicos Anônimos só para atendê-los – o International Doctors in Alcoholics Anonymous, IDAA. O mais grave em tudo isso é que, com raras exceções, os médicos dependentes de drogas continuam na ativa, às vezes atendendo em UTIs e realizando cirurgias.

Como entram os pacientes nessa história? Para começo de conversa, é preciso frisar que muitos dos males apontados na medicina ocidental têm relação causal com a postura passiva de indivíduos como eu e você. De modo geral, os pacientes delegam aos médicos a responsabilidade integral pelo diagnóstico da doença e pela decisão sobre que terapia adotar. Essa tradição paternalista agrada à maioria dos pacientes, que não está nem um pouco interessada numa participação que lhes exija algum tipo de esforço. Afinal, por que operar sofridas mudanças de comportamento e de hábitos alimentares, por exemplo, se é tão mais fácil engolir uma pílula mágica? Essa atitude, no entanto, começou a mudar. E, com isso, alguns pilares da rotina médica ocidental passaram a se mover.

“A voz dos pacientes precisa ser ouvida”, diz Patrick Terry, líder de um grupo de pacientes de Sharon, Massachusetts, nos Estados Unidos, acometidos de PXE, doença que resulta da acumulação de cálcio nos tecidos e pode cegar suas vítimas. A voz dos usuários começa a ser ouvida em diferentes estágios da cadeia médica. Grupos similares ao de Patrick, como o Genetic Interest Group, da Inglaterra, e outros na Holanda, na Bélgica e nos Estados Unidos não se mobilizam apenas por mais humanismo na medicina. Eles querem influenciar o desenvolvimento de drogas contra doenças incuráveis, inclusive propondo-se a adquirir patentes de novos remédios com a intenção de barateá-los.

Iniciativas como essa já produzem resultados lá fora. E no Brasil também. Nos últimos anos, por exemplo, centenas de escolas de medicina dos países desenvolvidos anunciaram ajustes em sua grade de conteúdos, com a inclusão de disciplinas que abrangem relações humanas, dinâmica familiar, violência doméstica e até fé e compaixão. “No Brasil também estamos discutindo a reformulação do ensino médico”, diz Regina. “O objetivo é formar profissionais mais generalistas e capazes de lidar com pessoas, seguindo os passos das principais faculdades de medicina do mundo.” Uma pesquisa patrocinada pelo governo americano revelou que, para 85% dos pacientes, o valor de um médico se deve mais à sua capacidade de ouvir e explicar do que ao peso do seu currículo.

Estudo indica que 20% dos médicos norte-americanos são dependentes do ópio

É pouco provável que o modelo de medicina hegemônico no Ocidente venha a ser alterado em sua base nos próximos anos. Mesmo com as limitações e distorções agora em debate, a medicina convencional ainda é o recurso mais próximo e mais rápido para o enfrentamento de situações extremas no campo da saúde. Mas é bom prestar atenção ao que se passa na vizinhança do establishment médico. Neste momento, cerca de 200 hospitais americanos já utilizam terapias não-alopáticas para complementar o tratamento de seus pacientes. Escolas de medicina do primeiro time, como as das universidades Harvard, Stanford e Columbia, mantêm departamentos voltados exclusivamente para a pesquisa de terapias alternativas e de práticas holísticas baseadas no conhecimento oriental. Grupos de médicos brasileiros ligados a grandes hospitais, como o Hospital do Servidor Municipal de São Paulo, e à Universidade de São Paulo, discutem uma abertura da medicina convencional na direção de outros sistemas de cura. Como em qualquer crise, a da medicina moderna pode ser um sinal de renovação.

Ai!
A dor ainda é um dos maiores desafios à medicina e aos médicos, que não sabem lidar com ela

A dor é o sintoma patológico que mais leva pessoas aos médicos. Só no Brasil 80% das consultas são relacionadas a esse fenômeno biológico, o mais explícito dos sinais do organismo. Recentemente, a dor foi considerada o quinto sinal vital. Apesar disso, a incapacidade dos médicos de lidar com a dor de seus pacientes continua a ser um dos pontos críticos da medicina moderna. Como a dor não pode ser medida objetivamente, a exemplo da pressão do sangue e dos níveis de colesterol, é difícil para a maioria dos profissionais avaliar sua extensão e efeitos sobre o doente. O tema tem sido enfocado em congressos internacionais e, neste mês, será debatido em São Paulo durante o Simpósio Brasileiro e Internacional sobre Dor, organizado pelo especialista Cláudio Fernandes Correa.

Há alguns avanços nesse campo. O dolorímetro, aparelho que capta ondas infravermelhas produzidas pelo calor do corpo, já permite ao médico obter uma medida aproximada da intensidade da dor física. Outra técnica menos sofisticada, mas eficaz principalmente em crianças, é a escala de dor – uma faixa contendo cores, números ou figuras com expressões que vão do sorriso à careta. O paciente, então, é solicitado a dizer qual ícone ou número expressa com mais exatidão a sua dor. Mesmo diante de um número concreto, o médico deve ponderar que a percepção da dor varia de paciente para paciente. Problemas psicológicos podem aumentar em até 20% a sensação dolorosa de uma pessoa. Por outro lado, dores crônicas costumam gerar depressão e problemas de relacionamento.

Em clínicas especializadas, como a do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, a cura da dor é tentada com a utilização de eletrodos para bloquear as vias nervosas que transportam a sensação desagradável ao cérebro. Os terapeutas holísticos acham isso um erro. “A dor é a luz vermelha que nos adverte. Suprimi-la com remédios ou outros recursos é como tapar a boca de quem está se afogando”, diz o psiquiatra e terapeuta holístico Wilhelm Kenzler.

Um outro jeito de curar

Mais suaves e nada invasivas, as terapias alternativas roubam clientes da medicina oficial.  Mas ainda têm muito a explicar

A medicina convencional, baseada na alopatia, no combate aos sintomas e em intervenções de modo geral agressivas ao organismo do paciente, está aos poucos perdendo a sua posição hegemônica nos países ocidentais. Surpreendida pela revolução comportamental que varreu o Ocidente nas últimas décadas do século XX, questionando vários dos princípios iluministas que regem a cultura européia – e seus herdeiros nas Américas -, a medicina convencional passou a dividir espaço com a homeopatia, a acupuntura, o yoga, a meditação e dezenas de outras práticas terapêuticas não-invasivas, quase todas de origem oriental, antes confinadas entre nós ao terreno do curandeirismo.

Chame-se isso de medicina alternativa ou complementar, integrativa ou holística, a verdade é que algo está mudando numa área vital para as pessoas: a manutenção da sua saúde. E a tendência de mudança não reflete apenas o interesse dos indivíduos por tratamentos mais suaves e com menos riscos de efeitos adversos. Há aí também indícios de uma abertura em direção a um novo paradigma científico, cujo impacto na maneira de o homem lidar com a medicina, com as doenças e com sua própria vida promete ser avassalador.

A velocidade com que as coisas estão acontecendo espanta. Atualmente, 75% das escolas de medicina dos Estados Unidos já oferecem cursos de especialização em terapias alternativas ou desenvolvem estudos sobre o tema. Calcula-se que metade dos 270 milhões de americanos costuma recorrer a algum tipo de tratamento não-convencional, o que representa um enorme fator de pressão sobre os prestadores de serviços de saúde. Sem falar nos lucros de um mercado que se constrói à margem da medicina convencional e que já movimenta 30 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos. É o próprio governo americano, através do Instituto Nacional de Saúde (NIH), um órgão equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil, que comanda um mutirão de pesquisas para medir a eficácia dessas terapias. Na Inglaterra já há hospitais formados apenas por homeopatas e o Canadá acaba de tornar-se o primeiro país das Américas a reconhecer a medicina tradicional chinesa como especialidade médica e a autorizar a formação regular de profissionais nessa área.

O fenômeno se repete no Brasil, ainda que em menor escala. O país possui cerca de 14 000 médicos homeopatas, 48 vezes mais do que há duas décadas, quando a homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pela Associação Médica Brasileira. Mais de 5 000 médicos se dedicam à acupuntura no país, outra terapia alternativa só há pouco elevada à condição de especialidade médica. Da mesma forma, sob o pretexto de debater a humanização da medicina, cresce o número de médicos alopatas, formados à luz da medicina oficial, que promovem reuniões discretas e encontros públicos nos quais as terapias alternativas são apresentadas como métodos substitutivos de tratamentos baseados em drogas e cirurgias. “Está na hora de admitirmos que existem outras formas de curar doenças”, diz a cardiologista Diana Ribeiro Dantas, que coordenará o próximo encontro a ser realizado em Natal, em junho.

O adjetivo holístico é, com certeza, o que melhor expressa a natureza desses novos tipos de cura. O holismo é uma teoria que vê o homem como um todo indivisível, impossível de ser explicado como se seus componentes físico, psicológico e espiritual pudessem existir separadamente. A medicina holística é, assim, a antítese do modelo biomédico, mecanicista, que se concentra no estudo isolado das partes da “máquina” humana e dos processos químicos específicos que a fazem funcionar. Diante de um doente qualquer, um terapeuta holístico subestimará a classificação da doença, voltando a atenção para o estilo de vida do doente, suas relações sociais, seu estado emocional, sua alimentação. Esse processo de interação com o paciente faria toda a diferença. As entrevistas demoradas, um traço marcante da medicina alternativa, transformam consultas simples em verdadeiras sessões de terapia psicológica nas quais laços de confiança e afeto unem o doente ao terapeuta.

As principais terapias holísticas compõem o repertório de recursos da medicina tradicional chinesa e da medicina ayurvédica, da Índia, com seus sistemas inspirados no taoísmo e no hinduísmo. A grande exceção é a homeopatia, criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann no século XVIII. A rápida expansão de todas elas, no entanto, só foi possível depois que algumas descobertas da ciência no século XX proporcionaram outro tipo de sustentação às idéias holísticas.

“As teorias da física quântica, dos sistemas auto-organizadores e da psicologia transpessoal demonstraram com as próprias ferramentas da ciência cartesiana-newtoniana que somos parte de algo mais vasto que os nossos organismos”, afirma o neurocirurgião fluminense Francisco di Biase. Ele é um dos autores do livro “Science and the primacy of consciousness” (A ciência e a primazia da consciência), em parceria com especialistas americanos em física quântica e psicologia transpessoal, ainda inédito no Brasil. O grande aval foi dado pela teoria quântica, ao demonstrar que as unidades subatômicas da matéria são abstratas e podem se apresentar ora como partículas, ora como ondas. Tais padrões dinâmicos, segundo a teoria, formam as estruturas estáveis que constituem a matéria e lhe conferem o aspecto sólido no nível macroscópico, que percebemos a olho nu. Ou seja: tudo o que enxergamos, inclusive nossos corpos, seria resultado da condensação de energias, padrões dinâmicos imateriais. Uma explicação muito semelhante à cosmovisão de antigas doutrinas místicas.

“É bobagem”, rebate o neurofisiologista Renato Sabbatini, da Unicamp. “Os princípios da mecânica quântica só se aplicam ao mundo subatômico e não existe nada que comprove efeitos quânticos na consciência e nas estruturas macromoleculares”. Verdade? “Sim, mas só em parte”, treplica o indiano Harbas Lal Arora, doutor em física pela Universidade de Waterloo, no Canadá, e terapeuta holístico com atuação em hospitais de Fortaleza. O próprio Einstein, autor da equação que demonstra que a matéria é energia condensada, no último ano de sua vida, segundo Harbas, admitiu a existência de formas de energias sutis que ainda não podem ser medidas diretamente mas que são muito poderosas. Tais energias, deduz Harbas, manifestariam-se, entre outras formas, como emoções, sentimentos, vontades e intuições. E seus efeitos no corpo poderiam ser mensurados por meio de mudanças nas ondas cerebrais, ritmos respiratório e cardíaco e secreções glandulares. “São energias que atuam no nível subatômico. Seus campos transcendem às limitações do espaço, do tempo e das energias físicas. E elas têm extrema relevância nos estados de doença, saúde e bem-estar”, diz Harbas.

Ao espetar agulhas em pontos estratégicos do corpo, um acupunturista chinês se propõe a desbloquear as trilhas, conhecidas como meridianos, por onde fluiria a energia vital, o chi. Um médico convencional dirá que ele apenas estimula pontos especiais do sistema nervoso capazes de provocar a liberação pelo cérebro de endorfinas, neurotransmissores de ação sedativa cujas moléculas se assemelham às da heroína. Já a homeopatia, aos olhos da medicina convencional, não conta com explicações plausíveis. A tese homeopata parte do princípio de que qualquer mal pode ser curado por uma substância vegetal ou mineral que produza em um homem são o mesmo sintoma da doença (exatamente o oposto do que faz a alopatia), mas nesse caso utiliza-se apenas a quintessência do princípio ativo, ou seja, a sua energia.

“Medicina alternativa é apenas o nome politicamente correto para o que normalmente chamamos de fraude”, diz Leon Jaroff, ex-editor da revista americana Discover, especializada em ciência. O rápido crescimento da medicina alternativa e a livre prática de suas modalidades, de fato, trazem embutido o risco do surgimento de picaretagens ou, no mínimo, esquisitices como a urinoterapia, que consiste em o paciente beber a própria urina, um excremento rico em toxinas. Só que, de um lado, há doutrinas orientais com milhares de anos de eficácia. E, de outro, até defensores ferrenhos da medicina alopática admitem que as terapias holísticas produzem, sim, um benefício, mesmo que não exatamente por causa de suas propriedades intrínsecas.

“O que funciona é o efeito placebo”, afirma Renato, numa referência aos resultados obtidos com grupos de controle em pesquisas de medicamentos alopáticos. Tais indivíduos, tratados com substâncias sem ação específica sobre os sintomas da doença, como pílulas de farinha e açúcar, acabam apresentando sinais de melhoria simplesmente por suporem estar recebendo o remédio real. “A crença do paciente no tratamento é fundamental e, sabe-se hoje, que ela responde por 50% da eficácia de qualquer medicamento, inclusive antidepressivos”, diz Renato. O assunto ganhou tamanha importância no meio científico que o NIH promoveu em novembro passado um painel com cientistas das principais universidades americanas com o único propósito de debater a adoção de placebos na rotina médica. Seria um meio de evitar o uso excessivo ou desnecessário de drogas. “O efeito placebo é uma conseqüência da participação do estado psíquico na cura do paciente, o que nos leva a inferir que a saúde física resulta do bem-estar psicossomático. Infelizmente essa inter-relação entre corpo e mente é praticamente desprezada na medicina convencional”, afirma Harbas.

Holistas como o psicólogo Giulio Vicini, membro da equipe que implanta, no Senac de São Paulo, um curso de graduação em medicina tradicional chinesa, e a especialista em alimentação e educação Hildegard Richter prevêem que a medicina do futuro será totalmente “vibracional”, baseada nas energias sutis e nos processos psíquicos. Mas a médio prazo o que se espera é uma composição entre sistemas médicos divergentes. “A medicina acadêmica e a medicina alternativa não são antagônicas, mas complementares”, lembra o homeopata paulistano Antonio César Ribeiro Deveza da Silva. O único receio de boa parte dos terapeutas holísticos é que a medicina oficial acabe assimilando as terapias alternativas, adaptando-as ao modelo biomédico e restringindo seu exercício aos médicos. “Isso desfiguraria por completo aspectos terapêuticos que são parte de um sistema coerente,” afirma Eduardo Alexsander Amaral de Souza, terapeuta oriental e reichiano no Rio de Janeiro.

Para saber mais

Na livraria:
– Reclaiming Our Health, John Robbins, HJKramer, Estados Unidos, 1996.
– O Ponto de Mutação, Fritjof Capra, Cultrix, 1999.
– The Placebo Effect, Anne Harrigton, Harvard University Press, Estados Unidos, 1999.
– O Homem Holistico, Francisco di Biase, Vozes, 2001.

Na internet:
http://nccam.nih.gov <http://nccam.nih.gov/&gt;
http://www.nib.unicamp.br/publ.htm
http://www.taps.org.br/biblio.htm

Fonte: http://super.abril.com.br

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Homeopatia pode ajudar a reduzir sintomas de dengue (01-04-2008)

Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Sintomas da dengue podem ser diminuídos com o auxílio da homeopatia, caso a doença seja diagnosticada precocemente. Quem afirma é o secretário de Saúde de São José do Rio Preto (SP), Arnaldo Almendro Mello.

“O preparado homeopático específico para a dengue encurta o período dos sintomas da doença. Principalmente na fase inicial, podemos observar que diminui muito a sintomatologia. Às vezes, a pessoa nem apresenta a sintomatologia”, afirmou.

O tratamento homeopático é uma das alternativas oferecidas nos postos de saúde do município. “Elas têm a opção de tratar pela homeopatia ou pela alopatia. E ainda associar os dois tipos de medicina, se assim desejarem. Aqueles que não crêem na homeopatia fazem o tratamento alopático somente”, informou.

A possibilidade de tratar a dengue com a homeopatia surgiu em 2007, quando houve na região de São José do Rio Preto 12 mil notificações e cerca de dez mil casos confirmados. “Nós tínhamos conhecimento de que a medicina cubana tratava a dengue com homeopatia e obtinha ótimos resultados. E ainda tínhamos a experiência de um pediatra homeopata da nossa cidade que tratava seus pacientes com sintomas de dengue com sucesso”, afirmou.

Arnaldo Mello ressaltou que os relatos que tinha do tratamento em Cuba era que seria possível diminuir consideravelmente as internações e os sintomas hemorrágicos da doença.

“É obvio que em nenhum momento deixamos de fazer as ações de prevenção da dengue. A homeopatia é somente um recurso a mais. Só isso. Mas ela pode ter contribuído, mesmo porque neste ano estamos com um número absurdamente menor do que no ano passado. Por enquanto, somente 30 em todo o município”, informou.

Ele admitiu, contudo, não haver ainda estudos conclusivos sobre a eficácia da homeopatia nos casos de dengue. “Nós ainda estamos levantando dados das pessoas que utilizaram homeopatia para ver se a gente consegue chegar a um número. Isso não é fácil porque no caso da homeopatia, a metodologia cientifica é diferente da alopatia. Não segue a mesma metodologia. Acreditamos que, em alguns casos, o indivíduo pode nem apresentar sintomas, caso tenha feito tratamento precoce. Mas não temos dados ainda”, afirmou.

O secretário lembrou que, na época em que a homeopatia para tratamento da dengue foi oferecida nos serviços públicos de saúde, houve uma discussão grande entre o município e a Secretaria de Saúde do estado. “Eles não aceitavam esse tipo de intervenção da homeopatia na dengue. Chegamos a um embate jurídico para conseguir manter esse programa. Tivemos apoio do Ministério da Saúde e continuamos oferecendo”.

Diante da polêmica levantada pelo tratamento, os médicos relutaram em continuar prescrevendo o complexo homeopático. Arnaldo acrescentou que a resistência ao tratamento homeopático aumentou ainda mais quando foi anunciado que seria ampliado, e isso acabou causando confusão. Para ele, houve a falsa impressão de que a homeopatia somente conseguiria conter a epidemia da dengue.

“A imprensa local acabou divulgando que era uma vacina homeopática. E não era nada disso, nós nunca usamos o termo vacina. O que afirmamos é que a homeopatia, caso seja adotada precocemente nos casos de suspeita de dengue, é capaz de reduzir seus sintomas”, concluiu.

Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/03/31/materia.2008-03-31.9131877264/view

Os mistérios da água

Novas pesquisas revelam propriedades surpreendentes e podem até ajudar a explicar a homeopatia

Pablo Nogueira

Os estudos sobre a água têm gerado algumas das mais insólitas descobertas científicas dos últimos anos. Químicos e físicos estão esbarrando em fenômenos estranhos, como sementes que crescem mais alto e em ritmo mais rápido, desde que regadas com uma água tratada por um campo magnético. Ou a constatação de que pequenas mudanças na estrutura do líquido podem fazê-lo absorver mais ou menos radiação. Há até histórias de pequenos problemas de saúde curados só pela ação da água. Relatos assim são suficientes para que algumas pessoas busquem nos novos estudos indícios para confirmar idéias defendidas pela homeopatia há centenas de anos. Mas essa visão é polêmica e se restringe a alguns pesquisadores.

O essencial é que essas novidades estranhas podem ser a porta de entrada para avanços importantes. Durante uma visita ao Brasil no início deste ano, o inglês Peter Atkins, autoridade mundial em físico-química e professor da Universidade Oxford, foi interrogado por estudantes sobre quais campos de pesquisa mais promissores para a novas descobertas. “Nanotecnologia e estudos sobre a água”, respondeu. Bem, talvez a nanotecnologia ainda esteja engatinhando em nosso país, mas felizmente já há brasileiros tentando desvendar os mistérios da molécula de H2O.

Em junho passado o suíço Louis Rey publicou na revista européia “Physica A” os resultados do experimento que fez comparando água pura com duas soluções de cloreto de sódio e cloreto de lítio dissolvidos em água. Na experiência, as etapas de dissolução foram repetidas tantas vezes que o número de moléculas de cloreto de sódio e de cloreto de lítio na solução chegou quase a zero. Ou seja, na prática, as duas amostras também podiam ser consideradas como contendo apenas água. E após cada diluição, Rey sacudia os frascos vigorosamente.

No fim do processo, o suíço congelou as amostras e submeteu-as a uma técnica conhecida como termoluminescência, que usa a radiação para estudar a estrutura dos sólidos. Os resultados mostraram importantes diferenças estruturais, o que sugere que, embora os cloretos não estivessem mais lá, haviam deixado uma espécie de marca de sua passagem impressa na disposição das moléculas da própria água. “Conseguimos mostrar que os remédios homeopáticos são diferentes da água pura, uma polêmica que se arrastava há séculos”, disse Rey a GALILEU. “Mas é só um primeiro passo.

O artigo ganhou destaque até na prestigiosa revista britânica “New Scientist” e foi saudado em todo o mundo pelos homeopatas, pois seus resultados sugerem que pode haver uma explicação natural para o que o criador da homeopatia, o alemão Samuel Hahnemann (1755-1843), chamava de “memória”: a suposta capacidade da água de absorver traços das substâncias que dissolvesse. Mas recebeu críticas igualmente importantes. As mais fortes vieram do inglês Martin Chaplin, químico da Universidade Southampton de Londres. “Para analisar as amostras, ele teve que congelá-las, o que por si só já alteraria a estrutura das moléculas de água”, diz Chaplin. “E talvez alguma contaminação explique as diferenças de estrutura detectadas pela termoluminescência.” “Os argumentos de Chaplin mostram que ele não entende de ligações de hidrogênio no gelo”, rebate Rey.

Diluir faz crescer

Mas Chaplin não renega totalmente a homeopatia, e recorre a outra experiência esquisita para especular sobre o mecanismo que explica sua ação. Em 2000, dois químicos trabalhando na Coréia fizeram diluições sucessivas tentando quebrar um composto conhecido como fulereno, uma molécula gigante em formato de bola de futebol com mais de 60 átomos de carbono. Só que a ação da água, ao invés de quebrar as tais moléculas gigantes, fez com que formassem agregados cada vez maiores. A experiência foi repetida com outras moléculas e gerou resultados semelhantes.

A formação desses superagregados ainda não foi explicada. Uma hipótese é que resultariam de uma interação com a própria estrutura da água. “Uma dessas supermoléculas, criadas por meio do processo de diluições sucessivas em água, poderia gerar algum efeito no organismo”, sugere Chaplin. “Mas isso aconteceria apenas numa pequena porcentagem dos casos. Acho que a eficácia dos remédios homeopáticos se deve na maior parte das vezes ao efeito placebo”, avalia.

Já o brasileiro José Fernando Faigle, do Instituto de Química da Unicamp, sentiu-se atraído pelos fenômenos causados pela água tratada com campos magnéticos. Em meados dos anos 1990, Faigle observou que os animais cobaias tratados com esse tipo de água apresentavam sinais positivos, como menor teor de gordura e menos doenças. O passo seguinte foi tentar entender por que isso acontecia. Junto com sua aluna Maria Eugênia Porto, começaram a vasculhar a literatura atrás de pistas. “Basicamente existem duas grandes visões sobre a estrutura da água”, explica Faigle. “A mais usada considera apenas as moléculas de H2O, mas existe um outro modelo que leva em conta também os agregados que as moléculas formam, chamadas de clusters.” Graças às novas pesquisas, o modelo dos clusters está bastante em voga. Ele prevê que a a água tenha uma estrutura ao mesmo tempo dinâmica e com algum grau de estabilidade.

Um colírio feito de água

A seguir, o time de Campinas passou a realizar experimentos e encontrar resultados estranhos. Um deles visava medir a capacidade de um composto de água e cloreto de magnésio em absorver radiação ultravioleta (UV), enquanto passava por diluições sucessivas. A princípio, a diluição causou a redução no número de moléculas de cloreto de magnésio, o que resultava numa menor absorção de UV. Depois de certo ponto crítico, quando praticamente só havia água no composto, a absorção caiu a zero.

Mas depois de mais diluições a própria água passou a absorver a radiação. A melhor hipótese para explicar o fenômeno tem a ver com mudanças na estrutura de clusters. “É só uma hipótese, porque não temos certeza se clusters existem mesmo”, reconhece Maria Eugênia.

O estudo da ação de campos magnéticos também encontrou fenômenos curiosos. De cara, a intensidade dos campos usados em muitos experimentos era tão baixa que deveria ser inócua. Porém, os estudiosos observaram que sementes regadas com água tratada em campo magnético cresciam em maior proporção e em menos tempo. Outros experimentos usando a água como cicatrizante para pele e colírio revelaram eficácia inesperada. Por conta disso, Maria Eugênia desenvolve agora um hidratante feito com água magnetizada para uma empresa de cosméticos.

Ela é cética quanto ao uso medicinal indiscriminado da “água magnetizada”, muito popular nos meios não-científicos. “Vi casos onde a água tratada com campo magnético foi inócua ou até danosa. Até que se faça um estudo formal, as pessoas deveriam se resguardar”, avalia. Faigle, ao falar sobre os estudos com diluições, ressalta que “embora os homeopatas nos convidem para congressos, não estamos tentando corroborar a homeopatia. Nosso foco é a água”.

Tais ressalvas não impediram que surgisse na Unicamp forte oposição ao trabalho de Faigle, que chegou a ser avaliado pela comissão encarregada de zelar pela produtividade da universidade. O episódio foi superado, mas o químico o relembra com visão crítica “A cobrança de produtividade inibe bastante as pesquisas realmente inéditas. E lá fora há preconceito em publicar artigos assim feitos por brasileiros.”

O mais famoso caso de pesquisador a entrar em apuros por seus estudos sobre água foi o do francês Jacques Benveniste. Em 1988 ele publicou um artigo na revista “Nature” dizendo ter detectado evidências da tal memória da água. Pouco depois, a revista publicou outro artigo acusando o francês de pseudo-ciência. Porém um estudo publicado em 2001 na revista “Inflammation Research” trouxe novos elementos, favoráveis ao francês. “Não se pode descartar inteiramente o trabalho de Benveniste”, avalia Chaplin. “Mas hoje em dia as pessoas têm mais medo de publicar qualquer coisa sobre esse assunto, quer seja contra ou a favor.”

Esse é um medo que o pesquisador Vicente Casali, da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, não tem. Desde 1995 ele já orientou oito teses que avaliam os impactos da utilização de homeopatia no cultivo de plantas medicinais como xambá, capim-cidreira e mentrasto. “Nosso objetivo era descobrir se a homeopatia poderia substituir os agrotóxicos”, conta ele. As teses mostraram que os preparados homeopáticos influíram bastante no metabolismo secundário das plantas. No xambá, o teor de uma substância conhecida como cumarina cresceu 77%, e no capim-cidreira a quantidade de óleo chegou a aumentar 150%. “As plantas ficaram mais saudáveis, mais capazes de se defender de doenças e insetos”, explica Casali.

Entusiasmado com os resultados, já ensinou mais de uma centena de agricultores a usar homeopatia no plantio. Ele cita o caso do biólogo Gregor Mendell (1822-1884) como exemplo de situação em que a ciência conseguiu determinar um fenômeno (no caso a herança genética), mas teve que esperar bastante até conseguir entender os mecanismos que o tornavam possível. “Talvez tenha que haver uma mudanca de paradigma, mas mais cedo ou mais tarde, a ciência explicará as bases naturais dos efeitos que estamos estudando”, aposta. A julgar pelo ritmo das pesquisas, talvez não tenha que esperar muito.

Fonte: http://revistagalileu.globo.com

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Guerra da dengue (08-04-2007)

Lelé Arantes

Foi no governo do presidente Sarney que o Brasil comprou centenas de barcos, camionetes e pulverizadores para combater o aedes aegypti. Era o Brasil se armando para uma guerra, com gastos girando na casa dos bilhões. Passaram-se 20 anos e o pequeno mosquito continua vencendo a guerra. Todos os anos é assim: de um lado os generais criando estratégias e do outro lado os mosquitos surrando os soldados. Como é um minúsculo mosquito pode fazer tanto estrago?

Na cidade vivemo um momento diferente. Aqui a guerra encontrou uma nova arma: a gotinha homeopática do doutor Renan Marino. Mas a gotinha, como todas as gotinhas (quem é que vai acreditar numa gotinha?), provocou uma fúria que aparentemente parece não ter sentido. A gotinha parece o cajado de Moisés (lembrando a páscoa judaica!) abrindo em dois o mar Vermelho.

O governo estadual irou-se e irritou-se com a ousadia dos rio-pretenses. Onde já se viu curar dengue com gotihas homeopáticas inventadas por médico do Interior! Ah, vejam só, que petulância desse povo interiorano. O governo deve estar pensando assim: “Enquanto nós estamos encomendando vacinas dos Estados Unidos a peso de ouro, em milhões de dólares, vem um médico qualquer do Interior com uma gotinha que diz custar um centavo e que ameniza os efeitos da dengue! Ah, vá!”

O remédio do doutor Renan é um tabefe na cara do Estado que ao invés de pegar o remédio para conhecer sua real eficácia manda apreender o que existe, suspendendo, via Judiciário, o tratamento da população doente. Analisado, se fosse remédio bom, o Estado deveria distribuí-lo e incentivar seu uso em todo o Brasil; comprovado o contrário, o remédio seria apreendido e seu uso proibido. Da forma como agiu e está agindo, o Estado apenas evidencia que há algo de podre no ar. As gotinhas mexeram com interesses muito grandes.

A questão das gotinhas contra a dengue está eivada de inveja e cobiça. Inveja em cima de um homem simples que se dedica de corpo e alma à sua profissão e que usou seu tempo para encontrar a cura para uma doença que grassa no país e faz centenas de milhares de vítimas anualmente, algumas chegando a óbito. Cobiça dos laboratórios que ganham milhões com remédios como os antitérmicos. Mais uma vez, cabe a rotulação da petulância: enquanto os laboratórios alopáticos gastam milhões de dólares em pesquisas para fabricar e testar uma nova droga, alguém começa a usar um remédio que tem custos ínfimos e ainda por cima é distribuído de graça. Ora, isso é um belo soco na sociedade capitalsta.

Em nome do risco à saúde pública, a Vigilância aparece para recolher os remédios numa truculência sem precedentes na história da cidade. A explicação é vaga e a truculência precisa ser repudiada. a pergunta que precisa ser respondida é: quem está ganhando com isso? Ou, mudando os mios porque os fins são os mesmos: a quem a gotinha rio-pretense contra a dengue está prejudicando? Sem essas respostas, tudo o mais é vago, sem sentido, truculento e irrefletido.

O ex-secretário de Saúde Cacau Lopes escreveu opinião sobre isso, postando-se contra o uso das gotinhas. Sem entrar no mérito, penso que a opinião do ex-secretário ajudou a colocar mais lenha nessa fogueira e serviu como um convite à reflexão, à discussão crítica sobre o assunto. Nós não devemos vergar a cabeça diante do Estado, não nesse caso. O povo rio-pretense precisa reagir e agir. Se o remédio é bom e tem eficácia, nós temos o direito de recebê-lo e de usá-o.

Fonet: Jornal local de Rio Preto, SP.

Rio Preto vai combater dengue com homeopatia

Nos próximos dias, prefeitura vai disponibilizar em todas as unidades de saúde 100 mil doses de um complexo para os dois tipos da doença

Chico Siqueira

São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, vai combater a dengue com homeopatia. Nos próximo dias, 100 mil doses de um complexo homeopático serão distribuídas nas 23 unidades de saúde da cidade.

O objetivo é tentar bloquear a doença, evitando uma epidemia e tratando os moradores contra a dengue dos tipos clássica e hemorrágica. No ano passado, o município contabilizou mais de 12 mil casos de dengue. Neste ano, já há mais de 300 casos suspeitos e 60 confirmados.

A aplicação será feita em uma dose sublingual. Qualquer morador poderá receber o complexo, formado por três tipos de medicamentos: o Eupatorium 30 CH, retirado de uma planta americana; o Crotalus horridus 30 CH (veneno de uma cobra cascavel americana) e o phosphoros 30 CH (fósforo mineral).

“O Eupatorium já é usado e tem resultado comprovado contra a dengue clássica, o Crotalus é acrescentado para combater a dengue hemorrágica, e o fósforo mineral é usado no controle da coagulação do sangue”, explica o médico homeopata Renan Marino.

No ano de 2001, em caráter experimental, 2 mil doses de Eupatorium 30 CH foram aplicadas no bairro Cristo Rei, que era o mais infectado, reduzindo os casos da doença drasticamente. Hoje, o Cristo Rei é dos bairros com menos casos de dengue na cidade.

Segundo a Secretaria de Saúde municipal, o uso da homeopatia foi motivado pelos resultados observados em Cuba.

EXPERIÊNCIA

No ano passado, médicos cubanos usaram o modelo de aplicação do Eupatorium 30 CH desenvolvido por Marino para combater uma epidemia de dengue que lotou os leitos hospitalares de Havana. Além disso, o médico foi contratado para desenvolver uma vacina bioterápica contra a dengue no país a partir de abril.

Marino havia apresentado o modelo no Congresso Pan-Americano de Homeopatia, em Havana, em 2003.

O diretor técnico da secretaria, Antônio Caldeira, diz que a cidade já tem postos que disponibilizam remédios e tratamento homeopático, mas que esta será a primeira vez que ele estará em todas as unidades.

Segundo ele, enfermeiros e médicos da rede municipal foram treinados para aplicar o produto, cujo custo por unidade será de R$ 0,01. As 100 mil doses custarão apenas R$ 1 mil para os cofres públicos.

Cada morador que receber a dose deixará registrados nome, endereço e outros dados na unidade. Esses dados serão usados posteriormente para elaboração de estatísticas sobre a doença no município.

Outra cidade que poderá adotar o uso do complexo é Ribeirão Preto. A Secretaria de Saúde do município deverá assinar um convênio com o Instituto de Homeopatia Lamasson, do qual Marino é um dos pesquisadores responsáveis.

Fonte: http://www.estado.com.br/editorias/2007/02/06/ger-1.93.7.20070206.8.1.xml