Sono, microbioma e saúde
Se você anda com preocupações que lhe vêm tirando o sono, é melhor deixar para pensar nelas somente durante o dia.
Cientistas constataram que um sono ruim afeta negativamente o microbioma intestinal, o que, por sua vez, pode levar a problemas adicionais de saúde.
“Dada a forte comunicação bidirecional entre cérebro e intestino, eles têm possibilidade de se influenciarem [mutuamente]”, disse o professor Jaime Tartar, da Universidade Nova Sudeste (EUA). “Com base em relatórios anteriores, acreditamos que um sono ruim provavelmente exerce um forte efeito negativo sobre a saúde intestinal e a diversidade do microbioma”.
O que você pode estar se perguntando é: “Que negócio é esse de microbioma intestinal?” Simplificando, são todos os microrganismos – bactérias, vírus, protozoários e fungos – e seu material genético encontrados no trato gastrointestinal.
Diversidade do microbioma
Sim, todos nós temos tudo isso em nosso sistema gastrointestinal, mas nem todos nos mesmos níveis – há diferenças pessoais nessa diversidade.
E é justamente essa diversidade que pode ser a chave para a nossa saúde.
Então, o que determina o microbioma intestinal de alguém? Existem alguns fatores que entram em jogo.
Uma é a genética, algumas pessoas parecem estar predispostas em nível genético a ter um microbioma intestinal mais diversificado do que seus amigos e vizinhos. Outro fator são os medicamentos – certos medicamentos, incluindo antibióticos, podem afetar, neste caso negativamente, a diversidade do microbioma intestinal. A dieta, é claro, também desempenha um fator.
Microbioma e sono
Para este estudo, os voluntários usaram o que o professor Tartar chamou de “relógio inteligente com esteroides” na cama, um conjunto de equipamentos que monitorava todos os tipos de sinais vitais. Dessa forma, foi possível determinar o quão eles dormiam a noite toda. De manhã, seus microbiomas intestinais eram avaliados por exames de fezes e urina.
Os voluntários que dormiam bem apresentaram sistematicamente um microbioma intestinal mais diversificado – ou “melhor”.
Tartar lembra que a diversidade do microbioma intestinal, ou a falta dela, está associada a outros problemas de saúde, como a doença de Parkinson (Parkinson pode ir do intestino ao cérebro pelo nervo vago) e doenças autoimunes, além da saúde psicológica (ansiedade e depressão). Quanto mais diverso o microbioma intestinal de alguém, maior a probabilidade de que ele tenha melhor saúde geral.
“Sabemos que o sono é praticamente o canivete suíço da saúde,” disse Tartar. “Dormir uma boa noite de sono pode levar à melhoria da saúde e a falta de sono pode ter efeitos prejudiciais. Todos nós vimos os relatórios [artigos científicos] que mostram que a falta de sono adequado pode levar a problemas de saúde de curto prazo (estresse, problemas psicossociais) e longo prazo (doenças cardiovasculares, câncer). Sabemos que [esses efeitos ocorrem] nos estágios mais profundos do sono quando o cérebro ‘retira o lixo’, uma vez que o cérebro e o intestino se comunicam. O sono de qualidade afeta muitas outras facetas da saúde humana.”
fonte: https://www.diariodasaude.com.br
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